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INDIGNAÇÃO
E AFLIÇÃO
Nestes
últimos dias temos acompanhado com o coração aflito o noticiário no nosso País.
A contaminação pela COVID-19 se agravou e o sistema de saúde do País está à
beira do colapso. Empresários, grandes ou pequenos, estão apavorados por verem
os seus negócios em crise de morte por falta de receita/clientes e as pessoas
físicas, que já consumiram suas pequenas reservas de poupança, estão desesperadas
por verem que não terão como arcar as suas despesas, mesmo as mais básicas,
como alimentação.
E
no meio deste cenário dantesco, temos o desprazer de testemunhar a alta direção
da GLESP perdida em discussões outras que não o que realmente importa para o
País e as pessoas. Nossos dirigentes estão completamente divorciados da
realidade, empenhados que estão numa briga fraticida e insana por poder, para
decidir quem vai comandar a Maçonaria Paulista desta potência. O fato é que,
quando esta briga acabar, provavelmente não haverá nada nem ninguém para ser
liderado. Quando os nossos dirigentes, embriagados pela disputa do poder,
retornarem do seu Shangrilá particular, encontrarão somente terra arrasada para
tomar conta.
A
Nossa loja está indignada e triste por testemunhar a maneira insana e
insensível como os nossos líderes estão conduzindo as coisas. Cegos e surdos
para a realidade, ficam usando toda a sua energia para se manter no poder, num
metabolismo basal perverso, mesmo que de forma efêmera e frágil.
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ACEFALIA
O
Orgulho e a vaidade são os seus conselheiros. Já perderam completamente o senso
da razão e do equilíbrio. Estão disputando o poder pelo poder, para pura
satisfação pessoal, sem se preocupar realmente com o que é o melhor para a
Maçonaria.
Nós,
os milhares de Maçons comuns, que ficamos perplexos e impotentes assistindo
este show de horrores, estamos completamente perdidos. Nos sentimos abandonados
e acéfalos, sem uma liderança firme, justamente num dos momentos mais críticos
da nossa história. Sofremos na carne problemas seríssimos, como dificuldade
para nos reunirmos, dificuldade para honrar as mensalidades das lojas, a evasão
maçônica aumentando assustadoramente e quando voltamos nossos olhos assustados
para os nossos líderes, percebemos que eles não estão nos olhando como
deveriam, pois, estão perdidos em discussões intestinais, sem sentido,
consumindo toda a sua energia em seus próprios interesses mesquinhos, enquanto
os que deveriam ser o objeto principal da sua atenção sofrem e definham.
Isso
sem mencionar a VERGONHA que estamos sentindo. Os escândalos na nossa potência
se tornaram públicos e nós somos constrangidos a todo momento por profanos que
ficam questionando a nossa tão propalada elevação moral que agora está imersa
na lama.
Estamos
acéfalos! Nenhum dos nossos líderes atuais parece se preocupar com o que
deveriam de fato e estão concentrados somente na própria sobrevivência. Não
sobra tempo para fazer o que deveriam estar fazendo de fato. Passam o tempo
todo se segurando nas suas cadeiras com medo que o adversário as tome num
momento de vacilo e se esquecem da vida real.
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DIGNIDADE,
GRANDEZA E DESPREENDIMENTO
Senhores
líderes, muito respeitosamente, pedimos que acordem para a realidade.
Nenhum
dos senhores possui hoje legitimidade moral para exercer a liderança da nossa
entidade. Nenhum dos senhores tem um plano de liderança de fato e estão dando
graças ao GADU se simplesmente sobreviverem no poder por mais algum tempo.
Quem
quer que reste no poder não terá como exercer o poder de fato e ficará restrito
a assinar inócuos documentos e atos sem relevância. Qualquer ação mais
contundente será imediatamente questionada e rejeitada pela parte afetada
alegando falta de legitimidade de quem tomou a decisão polêmica.
É
assim que vocês querem que seus nomes passem para a história?
Como
vocês acham que serão julgados pela posteridade?
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O
CAMINHO DO SUCESSO
Nós
precisamos de ações urgentes para tentar reverter a situação.
Em
primeiro lugar, precisamos escolher um TERTIUS, alguém selecionado em mútuo
acordo entre as duas partes que disputam o poder e que goze de um mínimo de
confiança DE AMBAS para tocar a liderança, mesmo que de maneira temporária e
provisória, até que uma nova eleição legitime um novo líder.
Necessitamos
também que seja restabelecida imediatamente a normalidade do equilíbrio do
poder maçônico, como ele foi concebido, com 3 poderes harmônicos e
independentes: Executivo, Legislativo e Judiciário. O que notamos estarrecidos
hoje é que foi dado um GOLPE DE ESTADO, com o afastamento do presidente e Vice
do Superior Tribunal Maçônico, o que equivale a fechar o próprio tribunal. Não há como não notar o paralelo com os
Golpes de Estado que ocorrem no mundo profano onde, a primeira atitude do
Ditador de plantão, é fechar as casas legislativas e o poder judiciário
superior para que possa mandar e governar sem nenhuma voz dissonante.
Restabelecer
imediatamente a ordem democrática de poderes na GLESP é condição sine qua non
para que se tenha esperança de voltarmos a uma certa normalidade, mesmo que
precária.
Outra
medida necessária é que todos que tenham recorrido à justiça comum desistam de
suas petições e retornem imediatamente à discussão de suas pretensões exclusivamente
no ambiente maçônico, que possui plenos mecanismos democráticos para resolver
nossas questões. O fato de não gostarmos de alguma decisão da justiça maçônica
não nos dá o direito (moral) de recorrer à justiça comum, pois isso equivale
também a inviabilizar a justiça maçônica e isso também pode ser caracterizado
com um Golpe de Estado, pois quebra a harmonia dos poderes.
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AGENDA
POSITIVA
Tomadas
todas estas ações e debelada a tormenta, precisamos urgentemente criar uma
AGENDA POSITIVA, atacando com senso de prioridade e urgência os problemas REAIS
que afligem os maçons, e eles não são poucos.
Ø EVASÃO MAÇÔNICA:
Foram feitos alguns estudos e pesquisas recentemente sobre este tema, mas não
foi tomada NENHUMA ação de fato em direção a uma resolução. A questão é que os
maçons estão se evadindo por questões econômicas (não conseguem mais pagar a
mensalidade) ou pessoais, pois estão decepcionados pela maneira como a entidade
vem sendo dirigida. Precisamos abraçar este tema com urgência sob pena de
vermos a nossa fraternidade definhar lentamente, ou pior, ver os seus membros
migrarem para outras potências mais ativas e estáveis.
Ø REFORMA ADMINISTRATIVA:
Nossos protocolos ainda são da idade da pedra. Necessitamos informatizar e
automatizar nossos procedimentos. O que foi feito até agora é bem-vindo, mas
ainda muito tímido. Não é admissível que os secretários das lojas tenham que se
deslocar fisicamente até a sede da GLESP para apanhar ou entregar um simples
documento. Não é possível que nossas informações cadastrais, pedidos
administrativos e outras rotinas não possam ser feitas pelo computador, rápida
e eficazmente, sem sofrimento nem demora. Com tudo isso, conseguiremos ter uma
administração mais lean, com redução de custos e aumento de produtividade.
Ø REDUÇÃO DE CUSTOS:
A contribuição mensal da Glesp é sempre o maior, ou no máximo o segundo maior,
elemento de custo das lojas. A ineficiência administrativa é rateada por todos
os maçons que tem que, no frigir dos ovos, pagar a conta. Necessitamos
urgentemente de modernizar e melhorar todos os nossos processos, reduzindo
drasticamente os custos para aliviar a vida dos obreiros. Temos que discutir
tudo, sem restrições, inclusive a necessidade de ter um suntuoso palácio
maçônico numa região supervalorizada da cidade e que requer uma quantidade
enorme de recursos para ser mantida. Outro ponto importante é a realização de
uma nova licitação para definir o administrador do nosso fundo de pensão. Os
recursos ali existentes são expressivos e servem de atrativo para boas
negociações. A portabilidade permite que, se necessário, mudemos o
administrador para obter melhores condições e, especialmente, melhores tarifas.
Ø REFORMA ELEITORAL:
Esta é certamente a causa raiz dos nossos problemas como um todo. O nosso
sistema eleitoral é perverso, injusto e o oposto de perfeito. Ele é desenhado
para manter sempre o status quo no poder e dificultar ao máximo o surgimento de
novos líderes. Veja, que, de acordo com o Artigo 113 da nossa constituição, as
chapas que queiram concorrer a eleição têm que ser registradas até 10 de
Fevereiro do ano no Superior tribunal Maçônico, que leva aproximadamente 1 mês
para deferir e liberar a chapa para concorrer na eleição. Nesta altura já
estamos em MARÇO e as eleições sempre ocorrem em MAIO. Isso significa que as
campanhas eleitorais têm que ser feitas nestes 2 meses de interstício, sendo
que temos aproximadamente 800 lojas no Estado de São Paulo. É simplesmente
IMPOSSÍVEL que qualquer chapa consiga se comunicar e fazer campanha em todas
estas lojas neste exíguo período de tempo. Não existe possibilidade física de
se fazer isso. Por conta deste fato, fica favorecido o grupo que já está
estabelecido anteriormente no poder, pois teve a oportunidade de se fazer
conhecer por todo o tempo do mandato. Qualquer sangue novo que queira se
candidatar não vai conseguir se fazer visível e conhecido em tempo hábil. Com
isso, o poder na GLESP passa a ser praticamente HEREDITÁRIO, pois o grupo a que
pertence o atual GM sempre terá uma enorme vantagem.
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SUMÁRIO
Creio
que deixamos claro aqui que não estamos fazendo nenhum juízo de valor. Em
momento algum mencionamos ações na justiça, denúncias de suspeita de mau uso do
dinheiro da instituição, aproveitamento eleitoral da situação ou qualquer outra
argumentação usada por uma ou por outra parte.
Nós
estamos numa posição de isenção e não temos nenhuma pretensão política. Nosso
único objetivo é voltar à normalidade democrática da instituição, com suas 3
instâncias trabalhando com independência e harmonia.
Não
estamos apontando dedos e nem fazendo pré-julgamentos. Não podemos e não
queremos fazer isso. Os assuntos administrativos e criminais estão agora a
cargo da JUSTIÇA e é essa instância que irá se pronunciar, de acordo com as
evidências e as investigações. Compete somente à JUSTIÇA se pronunciar sobre
estes fatos e iremos simplesmente acatar suas decisões, sejam elas quais forem.
Não
somos sectários nem apoiamos nenhuma das facções que disputam o poder. Somente
queremos o retorno da normalidade.
Temos como lema pétreo na
Maçonaria a Igualdade, Liberdade e Fraternidade.
IGUALDADE – Jamais seremos
iguais enquanto alguns são submetidos ao cobrimento dos seus direitos maçônicos
e outros, que deveriam dar o exemplo, quando submetidos à, exatamente, a mesma
situação, não aplicam a si o mesmo tratamento que aplicam aos outros
LIBERDADE – Jamais seremos
de fato livres enquanto estivermos sujeitos a um sistema eleitoral viciado e
faccioso, que privilegia o poder estabelecido e dificulta o surgimento de novas
ideias e novos líderes.
FRATERNIDADE – jamais
poderemos bater no peito e dizer que somos fraternos, quando usamos toda a nossa
energia para disputarmos guerras fraticidas e nos segurarmos como podemos a um
poder precário, enquanto nossos irmãos estão abandonando as lojas por não
poderem pagar as mensalidades.
Estamos há quase um ano sem poder dar uma instrução aos nossos Aprendizes e Companheiros por precariedade e impossibilidade de nos reunirmos fisicamente. Isso é inaceitável. Temos que encontrar uma forma de preservar nossos valores e tradições mas ao mesmo tempo usar com sabedoria os modernos meios de comunicação. Temos que encontrar uma maneira saudável de ao menos dar instruções aos nossos obreiros.
Em síntese, somente queremos voltar a ter orgulho de andar com as cabeças erguidas, sem vergonha de nos confessarmos maçons. Queremos fazer parte de uma instituição que respeita seus valores e suas tradições milenares mas ao mesmo tempo está alinhada com os avanços da tecnologia e dos métodos administrativos.
Não fazemos parte de nenhum subgrupo. Não temos pretensões políticas nem desdenhamos de quem quer que seja. Tratamos a todos com igualdade e respeito. Este desabafo é simplesmente fruto da nossa indignação e perplexidade ante tanta insensibilidade de quem deveria ser a nossa estrela guia, o nosso Norte.
Esta é a posição CONSENSUAL dos obreiros da
A؞R؞L؞S؞ Verdadeiros Irmãos, 669
Oriente de São Paulo, 04 de Março de 2021 da E؞V؞
Ótimo artigo. Lúcido.
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