O TEMPLO MAÇÔNICO

O TEMPLO MAÇÔNICO

 O MITO DA CAVERNA




Autor: E. Figueiredo (*)

 

AS coisa mais indispensável a um Homem

é reconhecer o uso que deve fazer do seu

próprio conhecimento !”

Platão , filósofo (427 a.C-348 a.C.)

 

Num quarto-de-hora-de-estudos, de uma sessão Maçônica, um dos obreiros apresentava um trabalho que despertou muito interesse. Quando do debate, ao responder a uma pergunta, mencionou que ingressar na Maçonaria fez com que ele saísse do MITO DA CAVERNA.

 

Ninguém presente entendeu, nem eu !

 

Em rápidas palavras ele deu as explicações sobre a analogia que havia explanado na apresentação do seu trabalho.  Iniciou dizendo que a expressão, criada pelo filósofo grego, Platão, podia ser entendida como uma crítica a quem aceita tudo que é posto pelo grupo dominante sem questionar a realidade.   Essa metáfora, dizia o Obreiro, trata de dois conceitos, esses concernem o mundo sensível e o mundo das ideias; em suma, para o pensador esses conceitos definem a realidade como se fosse composta por dois domínios. Acrescentou, ainda, que era notável, pela analogia  que podemos fazer com os ensinamentos  Maçônicos, a alegoria da caverna, utilizada por Platão, para ilustrar como nossos sentidos são falhos para perceber a realidade do mundo. Nessa parábola, Platão concebe um grupo de pessoas vivendo acorrentado dentro de uma caverna desde o momento do seu nascimento.

 

O Mito da Caverna, também conhecido como Alegoria da Caverna ou A Caverna de Platão, é um dos mais conhecidos e faz analogia ao mundo pré-conceituoso e ao mundo do conhecimento.  Foi escrito pelo filósofo e matemático Platão, considerado um dos mais notórios pensadores da história da Humanidade.  A história alegórica foi narrada no livro A REPÚBLICA, sua obra mais complexa, uma metáfora de caráter filosófico-pedagógico apresentando o diálogo entre Sócrates, personagem principal, e Glauco, o interlocutor, um jovem aprendiz.

 

A REPÚBLICA é a obra mais importante de Platão, filósofo grego que viveu entre os séculos V e IV antes de Cristo. De caráter político, prega um Estado ideal governado por lideres justos, sábios e instruídos.  Para Platão o Homem capaz para reunir essas qualidades seria o filósofo.

 

O texto foi escrito com uso do método dialético e contém uma série de ideias desenvolvidas por Platão ao longo da vida, dentre elas a divisão entre o mundo sensível e o mundo inteligível, ideias que foram inspiradas nas teorias de Sócrates.  Explica que o mundo sensível é aquele no qual os sentidos são quem determinam a experimentação das coisas e dos fatos.  Quanto ao mundo inelegível é aquele no qual a razão é que determina o entendimento das coisas.  Isto é, o Mito da Caverna apresenta as bases para explicar o conhecimento do senso comum em oposição ao conhecimento do senso crítico.

 

Segundo o filósofo, a caverna seria o mundo atual onde os seres humanos vivem. A narrativa descrita por Platão cita que havia algumas pessoas aprisionadas em uma caverna desde criança. Essas viviam com os braços, pernas e pescoços acorrentados, visualizando apenas suas sombras, que eram projetadas ao fundo da caverna.  Havia uma fogueira atrás dessas pessoas, na qual homens passavam perto transportando objetos e fazendo gestos, que refletiam em sombras distorcidas para os que estavam no interior da caverna e era o único conhecimento que tinham.

 



Um dia, um dos prisioneiros conseguiu se libertar e saiu para o mundo exterior e se surpreendeu com que havia encontrado.  Todavia, a luz solar ofuscou seus olhos provocando a vontade de voltar à caverna. Porém, ele já estava se acostumando com as novidades encontradas e um monte de coisas que não havia onde morava. Aí ele percebeu que as sombras que via, na caverna, eram apenas cópias imperfeitas da realidade que então acreditava.  Assim, ele ficou pensando que poderia fazer duas coisas:  Voltar à caverna e libertar os outros que lá ficaram ou permanecer fora vivendo a sua liberdade.  Embora a primeira opção tivesse o risco de ser julgado pelos prisioneiros como doido, seria uma ação necessária, por ser o mais justo e perfeito a se fazer.


São muitas as interpretações que podem ser obtidas dessa metáfora.  Para Platão, a caverna representa o mundo em que todos nós vivemos.  A Humanidade.  Quanto as correntes, seriam as crenças, culturas e informações obtidas no decorrer da vida, revigorante da ignorância que aprisiona as pessoas.  Atados aos preconceitos e sem querer ir ao encontro de um sentido racional, se poupando de pensar e refletir, o Homem permanece como prisioneiro. Além disso, o Mito da Caverna é uma forma de dizer que são poucas as pessoas que tentam ver o exterior, entender a cultura, a fé.  A maioria, simplesmente, não aceita aquilo que não conhece, vendo-o de forma negativa. Como dizem os autores clássicos, é o amor pela sabedoria, experimentado apenas pelo ser humano consciente de sua própria ignorância. 

 

Dessa forma, as sombras nas paredes, e os ecos no interior da caverna, são ideias preestabelecidas, as opiniões erradas do outro que julga ser verdadeiro.

 

A Alegoria da Caverna foi um modo de contar, imaginariamente, o que conceitualmente o Homem teria dificuldade para entender, já que , pela própria narrativa, o sábio nem sempre se faz ouvir pela maioria ignorante.

 

Quando o Homem consegue se libertar das correntes e viver o mundo exterior, que desconhecia, aquele que vai além do juízo de valor, conquistando o conhecimento verdadeiro, ele sai da caverna.  O ingresso na Maçonaria, como que saindo do Mito da Caverna, citado pelo Obreiro, foi o conhecimento que adquiriu ao se tornar um Maçom e passar a enxergar a Verdadeira Luz.  Aliás, diga-se de passagem, é de Platão a metáfora segundo a qual Deus é o Grande Arquiteto do Universo.

 

O Grau de Aprendiz, no simbolismo Maçônico, representa o Homem na sua primeira infância, nos primeiros séculos da civilização.  E seus olhos, ainda fracos, não podem contemplar diretamente o fulgor do Sol, e , por isso, que na Loja está sentando no topo da Coluna do Norte. As instruções recebidas nesse grau têm por finalidade demonstrar ao novo Iniciado, a escravidão em que vive, despertando no seu coração o sentimento da  sua própria dignidade e incentivando-o na busca do conhecimento e da verdade.  Dessa forma, a caverna representa o nosso mundo interior, nossas limitações  a chamada zona de conforto. Já os prisioneiros são todos os indivíduos que, na realidade, vivem em um tipo de escravidão inconsciente.

 

A caverna estava simbolizando o mundo, pois nos apresenta imagens que não representam a realidade. E só é possível conhecer a realidade quando no libertamos destas influências culturais e sociais, ou seja, quando saímos da caverna.

 

Os Maçons optaram por não permanecerem nas sombras.  Foi a analogia feita pelo Obreiro ao dizer que ingressar na Maçonaria fez com que saísse do MITO DA CAVERNA...

 




 


Fontes consultadas

 

    Platão – A República

      Ribeiro, Jorge Cláudio – Ousara Utopia

         Watanabe, Lygia Araújo – Platão por Mitos e Hipóteses

 

        (*) E. Figueiredo – é jornalista – Mtb 34 947 e pertence ao

                                               CERAT – Clube Epistolar Real Arco do Templo/

                                               Integra o GEIA – Grupo de Estudos Iniciáticos Athenas/

                                               Membro do GEMVI – Grupo de Estudos Maçônicos Verdadeiros Irmãos/

                                               Integrante do Grupo Maçonaria Unida

                                               Obreiro da ARLS Verdadeiros Irmãos – 669 – (GLESP)