Autor: Júlio Cesar Carvalho dos Santos C.´. M.´.
Começar com pé direito é sorte!
Começar com pé esquerdo é azar?
Será?
Antes de começarmos a discussão do “Pé esquerdo”, devemos
saber o por que de que o Pé direito sempre é visto como sinal de sorte,
prosperidade entre outros.
A tradição de entrar em algum lugar com o pe a crença se espalhou por todo o mundo
Ao contrário do que alguns podem pensaré direito para dar sorte é de origem romana. Nas grandes celebrações em Roma, os donos das festas acreditavam que entrando com tal pé evitariam agouros na ocasião da festividade. A palavra “esquerda” é de origem latina e significa “sinistro”, daí já fica óbvia a crença do lado obscuro dos inocentes pés esquerdos. Foi a partir daí que, entrar com Pé
esquerdo é um costume muito antigo, de milênios, e não possui relação alguma
com o azar.
As principais
pinturas e esculturas de deuses e faraós egípcios mostram sempre o pé esquerdo
à frente, enquanto as que ilustram pessoas comuns em situações do cotidiano
mostram o pé direito. Trata-se de uma coincidência? Não.
O passo com o pé
esquerdo era considerado pelos egípcios como símbolo do “primeiro passo” para
uma nova vida. Por isso, era com o pé esquerdo que o faraó dava seu primeiro
passo após sua posse. Também por isso que as escadas eram feitas com degraus em
número ímpar, de forma a ser possível iniciar e encerrar a subida com o pé
esquerdo.
Essa tradição foi herdada
posteriormente pelos gregos, como também se pode ver estampada em sua arte.
Por que o esquerdo, e não o direito? Os egípcios acreditavam
que o lado esquerdo era o lado espiritual, enquanto que o lado direito era o
lado material. Por esse motivo, as coisas tidas como sagradas eram feitas com o
pé e mão esquerda.
Esse simbolismo do primeiro passo, um passo espiritual para
uma nova vida, continuou sendo observado nas instituições tradicionais,
principalmente em suas cerimônias de iniciação, incluindo a Maçonaria.
“Rompendo a Marcha” O costume também foi incorporado pelos
antigos exércitos, que davam o primeiro passo de suas marchas com o pé esquerdo
como um sinal de sorte para a batalha.
Direita volver e Esquerda volver, sempre se inicia com o pé esquerdo
levantado preparado para a marcha.
Com o tempo,
o costume se tornou regra, mas perdeu sua simbologia. Daí então, as famosas
“Lojas Militares”, responsáveis pelo surgimento das primeiras Lojas Maçônicas
nas então “Colônias”, acostumados ao primeiro passo esquerdo não somente em
Loja, mas também fora dela, incorporaram às suas Lojas a prática e o termo
militar “romper a marcha com o pé esquerdo”. Foi assim também que o maçom, que
tinha “passos”, passou a ter “marchas”.
Na Maçonaria a entrada e marçha na prática ritualística varia de rito
para rito, mas sua representação é quase sempre idêntica. Segundo Nicola Aslan,
em seu “Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia”, “A posição
dos pés na marcha dos vários Graus é de grande importância, pois, por ele, um
Maçom experimentado pode descobrir os Graus de instrução maçônica de um
visitante que se apresente em uma Loja. Esta posição tem um simbolismo especial
explicado nas recepções dos vários Graus.”
Na maioria dos rituais, rompimento da marcha se dá com o pé esquerdo.
Assim o é no REAA e no de YORK, por exemplo; já no RITO ADONHIRAMITA e no
FRANCÊS (ou MODERNO), o rompimento da marcha se dá com o pé direito.
Na Câmara de Reflexões, o desnudamento do pé esquerdo significa um
despojo voluntário da insensibilidade moral, que impede a prática da virtude;
indica a faculdade do discernimento que devemos usar em cada passo do nosso
caminho, nos quais podemos tropeçar.
Na Maçonaria Simbólica, os três graus têm marchas diferentes. No REAA, a
posição dos pés – em esquadria – sempre respeita o ângulo de 90º, com o pé
esquerdo à frente e o direito apontado para a direita. E a circulação dentro
dos templos sempre se dá da
esquerda para a direita (*há exceção da retrogradação em determinada
viagem de determinado grau).
Não
devemos ter possíveis conclusões supersticiosas, uma vez que o maçom embora se
dedique ao estudo esotérico ou mesmo espiritualista, não deve um ser supersticioso.
Não
devemos ver o pé direito e o pé esquerdo como sinal de positivo e negativo ou bom ou ruim, mas sim, como polaridades que
se completam, pois uma sem a outra não se realiza. O lado esquerdo é a matéria
e o lado direito, o espírito. Acreditamos que ambas as correntes que
“credenciaram” ora o pé esquerdo, ora o pé direito como preponderantes no
rompimento da marcha têm bons motivos para o fazê-lo, mas que, de acordo com a
maioria das opiniões, constata-se a preponderância na utilização do pé esquerdo
na Maçonaria. Conhecer toda essas e, no entanto, só faz enriquecer nossas
virtudes maçônicas.