Pablo Neruda, famoso poeta chileno, dizia: “Escrever não é tão difícil. É só começar com uma letra maiúscula e terminar com um ponto final. No meio, você coloca ideias.”
Minha saudosa Mãe sempre desejou que eu escrevesse um livro. Ela dizia que um homem só estaria completo depois de ter tido um filho, plantado uma árvore e escrito um livro. Eu devia esse último à ela....
Como digo em minha obra, não escrevi um livro, escrevi um opúsculo. Livro é aquele que se colocar de pé, continua em pé. Se ele tombar, não é livro, é opúsculo.
Eu conto, no meu livrinho CRÔNICAS NATALINAS, o porquê resolvi fazê-lo.
Como Cristão, considero o Natal como a maior data da Humanidade. Eu tinha o hábito, como muitos têm, de enviar cartões de Natal aos amigos e parentes. Mas, de uns anos para cá, eu os substitui por mensagens, tipo crônicas, para enviar meus cumprimentos. Nelas, procuro retratar passagens da minha infância, quase todas na época de Natal.
Comecei a receber sugestões para que publicasse um livro (coletânea) com essas crônicas. Todavia, eu tinha, apenas cinco crônicas, seis com a do ano de 2010, a que seria enviada no final desse ano. Meia dúzia de crônicas não dá para fazer um livro. Nem opúsculo !
Ao comentar com um amigo sobre esse assunto, ele me perguntou: “Por que não publica uma coletânea com essas mensagens e com outras que você tem ?!....”
Realmente, eu tenho algumas crônicas, de outros temas, que são publicadas em edições de cunho Maçônico. Fiquei remoendo, em minha mente, essa possibilidade.
Coincidentemente, recebi um correioel de uma editora fazendo propaganda sobre publicação de livros para pessoas como eu. Isto é, pessoas que não são nada no mundo literário. (Sou um bom exemplo......)
Fui até essa editora para ver como era, elaboração, custo, etc. e tal. Então, com a orientação da editora, reuni as crônicas sobre Natal, outras crônicas diversas, um poema, que eu tinha na gaveta, e três contos que somente eu havia lido....
....E surgiu o livro ! Isto é, o opúsculo !
Foram quinhentos exemplares. Não tive interesse em vender. Eu os distribui aos parentes e amigos, a exemplo como faço com as crônicas de Natal.
Na verdade, quem quer escrever um livro, não pode esperar uma situação como a minha. Desse jeito, dificilmente editará uma obra. Redigir um texto que prenda a atenção do leitor leva algum tempo e envolve muita energia. Porém, reconhecer sua dificuldade de escrever e se fazer questionar sobre isso, já é um bom começo.
Primeiramente, quem tem vontade de escrever um livro tem de gostar de ler, porque escrever é conseqüência de leitura. O ponto mais importante na formação de um escritor é a leitura. Mas tem de ler o que gosta, não importa o tema. O exercício da leitura dá subsídios para que o autor encontre formas de exprimir suas ideias. Mas, se for leitura obrigatória, raramente ficará induzido a escrever.
Apesar da leitura ser importante, só se aprende escrever escrevendo, e, quanto mais errar mais saberá como acertar. Parece um paradoxo !
Em segundo lugar, se tem vontade mesmo de escrever, tem de começar. Comece escrevendo sobre qualquer coisa. Não fique à espera da inspiração, se bem que isso pode ocorrer. E nunca dê por terminado o que escreveu. Revise tantas vezes achar necessário. Verá que em cada revisão encontrará um erro, ou a possibilidade de mudar o enfoque, o direcionamento ou outra coisa qualquer.
Quem escreve tem de conhecer gramática. Saber pontuar, preocupar-se com a concordância, com as repetições de palavras. O autor deve dominar a língua escrita, para então avançar ao passo seguinte, que é a composição, isto é, o arranjo técnico e estético que tem, como produto final, o texto que quer elaborar. Escrever com vocabulário limitado ou com uma estrutura rebuscada pode provocar imperfeição no texto. Se alguém puder revisar, melhor.
Quanto o quê escrever, eu tenho um método. Em qualquer lugar que eu esteja, se vier à mente uma idéia, procuro anotar, pois nem sempre se consegue lembrar depois que passou algum tempo. Outra maneira é aproveitar um fato que alguém contou ou que tenha presenciado. Piadas, estorinhas, também servem. Se quer escrever, deve ter claro o que quer escrever.
Se alguém está convencido de que quer escrever é porque sente a vocação dentro de si. Todavia, quando começa a escrever, percebe que ter ideias e saber como conduzi-las no papel não é a mesma coisa. Não basta ter um excelente personagem para elaborar uma boa estória ou construir poesias envolventes e cativantes.
Outra coisa que também utilizo é ir escrevendo de qualquer maneira, conforme vai surgindo em minha cabeça.. Quem pensa muito escreve menos. Depois, durante a revisão, vou acertando e aparando as arestas.
Se for citar nomes, locais, eventos, não deixe de pesquisar. Lembre-se sempre que quem for ler, pode saber mais do que você sobre o assunto e encontrar erros ou incongruências. Estar embasado é mais que fundamental.
Um livro de ficção envolvendo fatos, acontecimentos reais, chama à atenção, gera controvérsias e até campanhas contra a obra, o quê faz com que se torne best seller. Dan Brown é um grande exemplo disso. Ele pesquisa e mescla fatos com a ficção que acabam confundido o leitor a pensar que o livro todo é verdade. Seus livros O CÓDIGO DA VINCI e ANJOS E DEMÕNIOS são prova disso. Na sua última obra, SÍMBOLO PERDIDO, ele cita várias coisas sobre Maçonaria, mas nem tudo que ele narra, acontece mesmo nessa Ordem. Por exemplo: Em virtude de divulgações errôneas, desse tipo, muita gente pensa que na Maçonaria se come criancinhas vivas. É mentira, frita-se antes.... (Brincadeirinha !)
Repetindo: A dificuldade, em escrever um livro, não se resume apenas em escrever, pois, além de descobrir um bom tema, há necessidade de se empenhar em pesquisas para colher material substancioso e interessante para envolver o leitor.
Uma coisa muito importante em termos estruturais, em qualquer criação literária, como forma de expressão de uma ideia, sempre deve ter começo, meio e fim, não importando se está escrevendo um conto, uma poesia, um artigo, uma crônica ou um livro. Ou um opúsculo !.... Tem que ter substância, conteúdo e finalidade. Antes de iniciar, saber o que quer contar. A proposta pode até mudar durante o desenvolvimento da redação, e, dependendo do domínio do autor, essa maneira faz parte da estrutura na elaboração do texto.
Quando considerar que o texto está pronto, faça uma leitura em voz alta, imaginando que você está recebendo o que escreveu, com se fosse de outra pessoa. Provavelmente, você ira mudar alguma coisa.
Peça para alguém, da sua proximidade, ler e comentar o que achou. É outra forma de evitar que se tenha escrito algo inconveniente, e, corrigir.
Para finalizar, repito o que disse no início: A primeira coisa, para quem quer escrever, é LER ! Ler como forma de aprender, de se aprimorar na língua, de descobrir e de conhecer coisas. Porque, quem escreve, deve ter o que dizer.
Se o sonho é escrever um livro, não desista antes de tentar realizá-lo. Pode ser que nunca virá a ganhar um Prêmio Nobel de Literatura, mas, certamente, terá a satisfação de ter feito a sua Obra Prima, particular, para a posteridade.
Desejo Boa Sorte a todos. Espero, um dia, alguém aqui convidar-me para uma noite de autógrafos.....
Muito Obrigado !
E. Figueiredo
12.08.2011