O TEMPLO MAÇÔNICO

O TEMPLO MAÇÔNICO

VIÚVAS

Hiram Abiff era filho duma viúva...
Bíblia (Reis I 7 13-14)
e. figueiredo (*)



Tem um episódio bíblico, no Primeiro Livro dos Reis ( 1Rs17, 10-16), que relata que Elias pôs-se a caminho e foi para Sarepta.  Ao chegar à porta da cidade, viu uma viúva apanhando lenha.  Ele chamou-a e disse: “Por favor, traze-me um pouco de água numa vasilha para eu beber !”  Quando a viúva ia buscar água, Elias gritou para ela: “Por favor, traze-me também um pedaço de pão em tua mão !”  Ela virou-se e respondeu: “Pela vida do Senhor, teu Deus, não tenho pão.  Só tenho um punhado de farinha numa vasilha e um pouco de azeite na jarra.  Eu estava apanhando dois pedaços de lenha, a fim de preparar esse resto para mim e meu filho, para comermos e depois esperar a morte !”  Elias replicou-lhe:  “Não te preocupes !  Vai e faze como disseste.  Porém, primeiro prepara-me com isso um pãozinho e traze-o.  Em seguida farás o mesmo para ti e teu filho.  Porque assim fala o Senhor, Deus de Israel: ‘A vasilha de farinha não acabará e a jarra de azeite não diminuirá, até o dia em que no Senhor enviar a chuva sobre a face da terra !’” A viúva foi e fez como Elias lhe tinha dito. E comeram, ele e ela em sua casa, durante muito tempo.  A farinha da vasilha não acabou nem diminuiu o azeite da jarra, conforme o senhor tinha dito por intermédio de Elias.

Uma outra passagem, da Bíblia, conta que Jesus dizia, no seu ensinamento a uma grande aglomeração: “Tomai cuidado com os doutores da Lei !  Eles gostam de andar com roupas vistosas, de ser cumprimentados nas praças públicas, gostam das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos melhores lugares nos banquetes.  Eles exploram as viúvas e roubam seus bens, fingindo fazer longas orações. Por isso eles receberão a pior condenação !”  Jesus estava sentado no templo, diante do cofre dos óbolos, e observava como a multidão depositava suas moedas no cofre.  De acordo com os costumes judaicos, os freqüentadores do Templo entregavam aos sacerdotes sua esmolas indicando a intenção a que se destinavam.  Muitos ricos depositavam grandes quantias.  Então chegou uma pobre viúva que deu duas pequenas moedas, que não valiam quase nada. Jesus chamou os seus discípulos e disse : “Em verdade vos digo, esta pobre viúva deu mais do que todos os outros que ofereceram esmolas.  Todos deram do que tinham de sobra, enquanto ela, na sua pobreza, ofereceu tudo aquilo que possuía para viver !”

Desde o início da Humanidade, muitas mulheres acabam enviuvando, seja por morte natural dos maridos, ou provocada por guerras, acidentes, catástrofes ou outras causas.  As viúvas, em grande parte, ficam abandonadas à mercê da sorte.  Várias com filhos.  Quando têm chances, reclamam que são esquecidas.  E isso encontramos no ambiente cristão.  Não raro, essas viúvas vivem na penúria.  Quando mais necessitam, estão excluídas, desamparadas.

Muitas circunstâncias levam as viúvas enfrentar, sozinhas, a criação dos filhos, mal tiveram tempo de superar a dor quando se encontram frente à tarefa de assumir, além de suas responsabilidades de mãe, o papel de pai.  São mulheres que enfrentam situações duras e, em alguns casos, de desprezo e rejeição.  Pode-se enquadrar, ai, aquelas mulheres com casamento desfeito.   

O Código de Hamurabi, considerado o grande legado do Império Babilônico de Hamurabi (1810-1750 a.C), é um dos mais antigos conjuntos de leis já encontrado.  Nesse código, um aperfeiçoamento do sistema jurídico e uma compilação de leis, com 282 preceitos, no seu epílogo afirma “para que o forte não prejudique o mais fraco, a fim de proteger as viúvas e os órfãos”.  Alusão de que as viúvas sempre têm o direito de receber todo tipo de proteção.  Um código jurídico que era rigoroso, pois aplicava a Lei do Talião (Olho Por Olho, Dente por Dente), tinha para com as viúvas tratamento condizente.

Na Ordem Maçônica, se o Maçom é casado, sua esposa é tratada como “cunhada”, e seus filhos são chamados de “sobrinhos”.  E em vários eventos públicos da Loja se faz questão da participação da cunhada:  Jantares, palestras, confraternizações e outros.  Geralmente, quando há oportunidade, evidencia-se a figura da cunhada.

E acontece que, às vezes, a cunhada fica viúva...

As Lojas Maçônicas têm vários cargos e um deles é o Hospitaleiro.  Hospitaleiro é o Obreiro da Loja que tem a tarefa de detectar as situações de necessidade ao alivio dessas situações, para que os Irmãos se inteirem e busquem um meio de auxiliar, se for o caso, há quem estiver precisando.  Isso tem base na pregação, de que é assegurada, da solidariedade Maçônica em primeira linha entre os Maçons.  O Hospitaleiro é o membro que detém a função de organizar, dirigir, tornar eficientes, úteis, os esforços de todo o quadro de Obreiros em prol daquele que necessita de auxílio.  Todavia, as funções do Irmão Hospitaleiro não se restringem somente ao lado de dentro do Templo.  E, diga-se de passagem, a Bolsa de Beneficência para o Tronco de Solidariedade, que é circulada nas reuniões Maçônicas através do Irmão Hospitaleiro, também é conhecida como TRONCO DA VIÚVA.

Quando da viuvez, a solidariedade não se extingue com a vida.  Mesmo que a viúva não esteja necessitada, ela não pode ser esquecida porque o seu marido encontra-se no Oriente Eterno.  Ela tem todo o direito de ser lembrada para participar dos eventos como jantares, palestras, confraternizações e outros.  Uma função externa do Hospitaleiro.

A função que assegura, ao ofício de Hospitaleiro, vai muito além do auxilio material. Em muitos casos, a mais importante ajuda que é prestada não implica a necessidade de recorrer ao metal. Às vezes, uma simples palavra ratifica o elo de irmandade que havia antes da partida do Irmão para o Oriente Eterno. Porém, manter a convivência com a cunhada-viúva é uma obrigação que a Loja tem de procurar cumprir. Quando a Loja possui estrutura adequada, para manter atividades que aglutinem as famílias, a convivência não sofre solução de continuidade após o falecimento o Irmão. Se a viúva foi esquecida, está havendo incongruência com os preceitos Maçônicos.


Quantas Lojas continuam a conviver e a manter contatos com as cunhadas que se tornaram viúvas, fazendo os mesmos convites quando seu marido era vivo ?

Quantas ?!...







(*) E. Figueiredo -  é jornalista - Mtb 34 947 e pertence ao
CERAT - Clube Epistolar Real Arco do Templo  / 
Integra o GEIA –  Grupo de Estudos Iniciáticos Athenas /
Membro da  Confraternidade Mesa 22, e é
Obreiro da ARLS Verdadeiros Irmãos– 669 (GLESP)

7 comentários:

  1. Realmente este é um tema muito importante e na maioria das vezes as Lojas não conseguem sucesso na meta de manter as cunhadas viúvas e suas famílias integradas.

    Muitas e diferentes razões podem ser listadas. Dentre elas, menciono algumas que vivenciei:

    - Não houve integração social entre as famílias da Loja.

    - As Lojas não possuem, na sua maioria, estrutura para manter atividades que aglutinem as famílias. Observo que mais recentemente, as organizações paramaçônicas cumprem este papel. Mas apenas em parte pois nem todas as Lojas e nem todas as famílias do Distrito Maçônico atendem as reuniões e atividades de tais organizações.

    - A idade cronológica das pessoas é um fator limitativo também, pois precisam ser trasnportadas aos locais do evento e depois levadas de volta às suas residências. São poucas as famílias que se dispõem a "dar uma carona" para uma cunhada viúva, com idade já mais avançada.

    Entretanto, tudo isto pode ser superado combinando-se um pouco de organização, vontade de servir ao próximo e amor fraternal.

    Bem, todos os atributos acima devem ser objeto de desenvolvimento pessoal e coletivo das nossas Lojas.

    Um TFA ao membros da da Loja Verdadeiros Irmãos pelo BLOG e ao autor desta desafiadora matéria.

    Sincera e cordialmente,

    Kleber Siqueira

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    1. Boa noite Kleber!!!
      Certíssima, verdadeira sua colocação.
      Já vi várias cunhadas viúvas reclamarem do abandono e desprezo das lojas.
      Marcia Maria
      Excelente artigo.

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  2. Irmão e amigo Figueiredo



    Você produziu uma peça que harmoniza a Sabedoria maçônica; a Força espiritual e a Beleza textual. Parabéns. É para mim motivo de orgulho tê-lo como irmão e ter tido sua participação em minha diretoria na Associação Paulista de Imprensa!

    TFA



    J. B. Oliveira

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  3. É muito bom poder compartilhar de sua sapiência e experiência, também em textos tão interessantes e de variadas temáticas, o que me orgulha de poder pertencer e conviver com os Irmãos da Loja, e como, Verdadeiros Irmãos-669.
    TFA
    Jorge A. Cardoso

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  4. BONITO, MUITO BONITO. Jorge Bresslau

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  5. MUITO BONITO MAS NADA DISSO É COLOCADO EM PRATICA .mE REFIRO A LOJA MAÇONICA QUE MEU ESPOSO ( FALECIDO ) FREQUENTAVA MAS ATÉ HOJE E NEM MESMO NO VELORIO RECEBI UM SINTO MUITO POR PARTE DOS MAÇONS

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    1. Boa noite, Alana!!!
      A mais pura verdade. Você falou tudo. Parabéns!!!
      Marcia Maria

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