Autor: Alfredo Ramos
Estamos
vivendo já há algum tempo imersos num mundo conectado e digitalizado, onde a
informação corre livre e abundante. Não temos nem tempo de processar
mentalmente a avalanche de informações que nos chegam a cada minuto, tomando
muitas das vezes uma atitude passiva e conformista mesmo ante às notícias mais
graves, que logo são esquecidas para darem lugar ao escândalo do minuto
seguinte.
Porém um
pequeno e inédito vírus veio mudar um pouco este comportamento. Pela primeira
vez na história estamos vivendo um movimento global sincronizado, tentando
combater a pandemia do novo corona vírus. Fomos forçados a passar de passivos
leitores de mídias sociais a tomar ações práticas e contundentes para lutar
pelo nosso bem-estar.
Isso está
causando muita comoção e as pessoas estão tratando disso como se o apocalipse
tivesse finalmente chegado. Porém, por mais cruel e cínico que possa parecer,
esta não é a primeira e nem será a última das crises planetárias. É somente
mais uma delas.
Para que
isso não seja interpretado de forma equivocada, é importante enfatizar que não
se está minimizando a gravidade da situação e tentando induzir as pessoas a
relaxarem às ações e providências de combate ao vírus. Isso deve continuar
sendo feito com todo empenho e energia pois a situação não comporta vacilos.
O que
estamos querendo salientar é que as crises planetárias são um fenômeno cíclico
e relativamente comum. Porém, os ciclos da natureza têm uma duração bem maior
que o tempo de vida médio das pessoas e por isso tais eventos não são
percebidos com a devida gravidade pelas pessoas, não passando de capítulos nos
livros de história e ciência. As pessoas só se assustam de verdade quando,
casualmente, a crise de plantão lhes vem bater à porta.
E, no
caso, a crise de plantão é a pandemia causada pelo novo corona vírus.
Porém este
planeta já viveu outras crises muito mais graves e contundentes desde a sua
criação. Já passamos por períodos de glaciação que moldaram de forma determinante
a história das espécies animais e vegetais.
Já fomos
alvejados por meteoros que causaram impacto planetários, sendo que um destes
eventos provocou a extinção dos grandes répteis (dinossauros), permitindo que
os mamíferos passassem a dominar o mundo em seu lugar. Se este evento não
houvesse ocorrido, provavelmente o ser humano não teria evoluído para a posição
em que se encontra hoje como “donos” do planeta. Para os desavisados, é fato
certo e científico que seremos alvejados novamente no futuro por corpos
celestes de magnitude similar ao que provocou a extinção dos dinossauros. É só
uma questão de tempo, pois há meteoros neste exato momento em rota de colisão
com a Terra, mas que levarão ainda alguns milhares ou milhões de anos para nos
atingirem. São os ciclos da natureza que não tem nenhuma relação com a duração
ínfima da vida média de um ser humano. O que são 80 ou 90 anos para eventos que
respondem numa escala de milhões de anos? Quem sabe até a próxima ameaça de
colisão de meteoros tenhamos tecnologia para defletir o golpe. Porém, se fosse
hoje, a raça humana seria aniquilada.
Na idade
média uma infecção pela peste negra (peste bubônica, transmitida pelos ratos)
provocou a morte de um terço da população da Eurásia. Vou repetir para que a
leitura rápida deste texto e a frieza dos números não encobertem a GRAVIDADE da
situação: UM TERÇO da população da Eurásia morreu na eclosão da peste negra. Se
fosse nos dias de hoje e a peste negra tivesse propagação mundial (coisa muito
fácil de ocorrer devido à facilidade de movimentação das pessoas), cerca de 2,8
BILHÕES de pessoas perderiam suas vidas.
A gripe
espanhola do final de século XIX provocou uma verdadeira devastação planetária.
Com o avanço tecnológico dos meios de transporte na época, e o início da movimentação
livre das pessoas pelo planeta, a epidemia não ficou localizada somente na
Eurásia e tomou contornos de pandemia. Infectando também continentes mais
distantes.
Mais
recentemente enfrentamos um evento de tsunami na região do Sudeste asiático, que
tomou a vida de quase 300 mil pessoas, a imensa maioria nas Filipinas. Mais uma
vez vamos repetir para fazer saltar a gravidade da situação: De um minuto para
outro, devido à uma onda gigantesca vinda do mar, 300 MIL PESSOAS (pense num
Maracanã lotado e multiplique por 3) foram aniquiladas. Num minuto existiam e,
no minuto seguinte, não mais!
Poderíamos
listar um rosário de eventos graves, espalhados pelo tempo e pela geografia do
mundo, para ilustrar o quão profícuos são tais eventos. A conclusão lógica é
que tais crises planetárias são mais comuns do que podemos imaginar e fazem
parte dos mecanismos da natureza.
Para que
possamos avançar nesta argumentação, teremos que recorrer aos conceitos das
LEIS NATURAIS que o criador fez para regular e administrar a natureza. Para os
menos avisados, aquela figura de um Deus severo, velho e barbudo, que fica
anotando em uma caderneta tudo que fazemos de bom ou ruim para depois nos fazer
enfrentar as consequências é de uma infantilidade espiritual extremamente primitiva,
muito embora muita gente, mas muita gente mesmo, ainda acredite nisso.
Para que
as coisas ocorram com justiça e imparcialidade, o G؞A؞D؞U؞ criou mecanismos
perfeitos e imutáveis que se chamam LEIS NATURAIS ou DIVINAS. A Natureza é
comandada de forma inexorável por estas leis.
Dentre
tais regras existe uma, em particular, que a princípio nos causa estranheza,
mas que depois de estudada e compreendida melhor, veremos que é de suma
importância: A “LEI DA DESTRUIÇÃO”.
Muito
embora o nome tenha uma conotação negativa, esta lei é vital para acelerar os
processos de mudança e evolução pelos quais temos que passar.
O ser
humano é avesso a mudanças e sempre se apega ao status quo. Por isso,
ocasionalmente a natureza necessita provocar um movimento forte e irresistível
em nossas vidas para nos retirar da zona de conforto e provocar necessárias
reações para enfrentarmos e superarmos as crises causados por tais
“destruições”.
São,
portanto, destruições de PARADIGMAS e não do bem-estar. São momentos em que
precisamos pôr à prova a nossa inteligência e capacidade de reação que, no
momento seguinte, irão proporcionar inovações que irão beneficiar a todos por
um longo tempo.
Estas
crises planetárias que mencionamos acima fazem parte da Lei da Destruição.
A peste
negra na Europa da Idade média causou a melhoria dos sistemas de coleta de
esgoto em todas as cidades de então, o que melhorou o padrão de higiene da
população, eliminando muitas doenças e causando, por fim, um aumento do tempo
médio de vida do ser humano.
Tais ações
de saneamento não teriam sido implementadas se não fossem motivadas pela “dor”
causada pela peste.
Assim,
cada crise tem a sua herança de benefício.
Não
estamos com isso fazendo a apologia da dor e da adversidade. Estamos somente
apontando para o FATO de que toda crise provoca o progresso, em algum aspecto.
Não é questão de escolha, pois as crises planetárias não estão sobre o
controle de qualquer indivíduo. Elas ocorreram e continuarão a ocorrer por
força da natureza, de forma irresistível, sem que ninguém possa “escolher”
evita-las.
Estamos
condenados a somente SUPERA-LAS.
E
aprendermos com elas. Isso é desbastar a pedra bruta.
Esta é a
inexorável lei da destruição.
A crise
atual do novo corona vírus já nos trouxe algumas lições interessantes.
“Retornamos”
aos nossos lares e voltamos a nos falar mais extensamente, como sempre deveria
ser no seio da família.
Estamos
mais solidários e prestativos.
Estamos
nos preocupando de verdade com os mais frágeis, como idosos e doentes crônicos,
não somente com discursos lindos e vazios, mas com atitudes pragmáticas.
Desenterramos
velhas receitas culinárias e reaprendemos a fazer pão em casa.
Notamos
que divergências partidárias são insignificantes ante assuntos mais sérios e
que uma coisa é o Governo e outra diferente é o Estado.
Certamente
ocorrerão outros avanços nos campos científico e antropológico. Iremos melhorar
os protocolos de vigilância sanitária; Descobriremos novos medicamentos; Iremos
melhorar o sistema de comunicação de doenças para tomarmos ações mais precoces.
Enfim,
iremos sobreviver a esta crise. Ao menos a imensa maioria de nós. E
aprenderemos com tudo isso. Que possamos aproveitar esta melhoria temporária no
padrão vibratório das pessoas, que estão mais serenas e solidárias, para
avançarmos moral e intelectualmente e tornarmos o nosso planeta um lugar melhor
para vivermos, ou deixarmos de herança para nossos sucessores.