Autor : E.
Figueiredo
(*)
"Eu compreendo e aceito que a felicidade será sempre
pequenos retalhos na
colcha da vida !"
Caio Augusto Leite - Escritor
Numa palestra do maçonólogo
Osvaldo Ortega (1927 - 2007), ele mencionou "Sou
feito de retalhos...", o que deixou-me muito curioso e intrigado. Ortega, em seus escritos e palestras, tinha
por hábito utilizar metáforas provocando a mente dos seus ouvintes e
leitores.
A palestra versava sobre os valores sociais e
o papel da Maçonaria, no seu trabalho de caráter social, com destaque para a
ética, que ele denominava de Filosofia Moral ou Ciência Moral, que trata da
análise e reflexão sobre as condutas humanas, tanto individuais, quanto
coletivas e as normas morais, como principio dos comportamentos. O Irmão Ortega
defendia que a Maçonaria é, por excelência, uma Entidade de Moral, pois seus
princípios alcançam, em suas ações, os níveis mais elevados da Ética Universal. A obra da Sublime Ordem, tanto material
quanto espiritual, advém de um passado remoto. Educando e disciplinando,
prepara seus adeptos para que participem na busca da verdade, dedicar-se aos
valores sociais e elevando-os em sua dignidade, fazendo com que ajam com justiça,
desfrutando da liberdade praticando a fraternidade e dedicando-se com amor à
Humanidade.
Interrompida a palestra para o coffee break, aproximei-me do Irmão
Ortega e perguntei o que ele quis dizer quando citou que era feito de
retalhos. Ele deu um sorriso enigmático,
atitude peculiar nele, e falou que a explicação seria dada na segunda parte da
sua exposição.
O Irmão Ortega retomou a parte em que falava
da ética: "Tenhamos em mira que a
teoria aristotélica da moral é o fundamento dessa corrente do pensamento
chamado ética !" Fiquei o tempo
todo ansioso pela sua explicação que, propositadamente talvez, ele deixou para
o final da palestra. Aí o Irmão Osvaldo
Ortega, concluindo a palestra, disse:
___"Sou
feito de retalhos ! Pode ter parecido muito estranho a minha declaração, mas
vou explicar: A partir da minha Iniciação, na Maçonaria, cada ensinamento, que
chamo de retalho, que eu recebia, fui ficando cada vez maior. Em cada retalho, uma lição, em cada retalho,
um exemplo, em cada retalho uma visão da Humanidade que me tornaram mais
humano, mais ético, mais justo, mais complacente, mais filantropo, com um
cabedal superior ! Sou a soma desses
retalhos !"
Na mesma hora veio-me à lembrança um
ensinamento da minha Mãe, parecido com do Irmão Ortega.
Ela me dizia:
___"Meu
filho, a nossa vida é como uma colcha de retalhos, parecida com uma peça de
mosaico, Durante o decorrer da vida,
você irá costurando, sem entender muito bem, emenda daqui, costura ali, aperta
aqui, solta mais adiante e, de repente, terá uma colcha cheia de ensinamentos,
parecendo uma peça de mosaico. Será a
sua formação ! A história de uma pessoa
é como uma colcha de retalhos, formada de muitos acontecimentos, como alegrias,
tristezas, sonhos, realizações e outras coisas mais !"
Se na época, como menino, eu não havia
compreendido a analogia maternal, somada á explanação do Irmão Ortega a compreensão
foi imediata.
Eu assimilei e jamais esqueci esses
ensinamentos e acabei entendendo que,
nas instruções ministradas, na Sublime Ordem, há uma equivalência com
retalhos, que unidos, compõem a formação da manta do Verdadeiro Maçom.
Nenhum Maçom poderá concretizar as metas da
Ordem se não estiver embasado nos conceitos dos retalhos recebidos. Aquele que foi iniciado e está imbuído do real
objetivo da Maçonaria, saberá como receber os retalhos e costurá-los formando a
sua COLCHA DE RETALHOS
(*) E. Figueiredo
– é jornalista – Mtb 34 947 e pertence ao
CERAT – Clube Epistolar Real Arco do
Templo/
Integra
o GEIA – Grupo de Estudos
Iniciáticos Athenas/
Membro
do GEMVI – Grupo de Estudos
Maçônicos Verdadeiros Irmãos/
Integrante
do Grupo Maçonaria Unida
Obreiro
da ARLS Verdadeiros Irmãos – 669 –
(GLESP)
