Autor: Ir.´. Alfredo Vicente Terçaroli Ramos
(membro ativo da ARLS Verdadeiros Irmãos, 669)
As leis naturais são imutáveis, perfeitas, e valem
em qualquer tempo e lugar. Seja lá qual for a crença pessoal de cada um, é
praticamente consenso e bom senso que “alguém” é o responsável por toda a
criação e este “alguém” possui todas as perfeições e nenhum defeito.
Consequentemente, tudo que Ele/Ela criar também estará sujeito a toda esta
perfeição.
O Criador não somente produziu o universo como
também todas as perfeitas leis que regem tudo que aqui se passa. Essas são as
“Leis naturais”, perfeitas, independentes e inexoráveis. Elas valem em todo
tempo e lugar, sem necessidade de correções e ajustes.
Em contrapartida às leis naturais, e como pálido
espelho delas, existem as “Leis humanas”, criadas pelo homem para regular a
vida em sociedade. Já que estamos condenados à vida gregária, é fundamental que
existam normas e regulamentos para reger as relações entre os Homens, a fim de
evitar conflitos e permitir a coexistência de maneira pacífica e construtiva.
Se assim não fosse, seria simplesmente a lei do mais forte e ainda estaríamos
numa fase selvagem da nossa evolução.
Porém, diferentemente das leis naturais, as leis
humanas são mutáveis e tem que ir se ajustando à própria evolução da sociedade.
A medida em que o homem evolui os seus usos e costumes, as suas regulamentações
também vão se moldando a este novo padrão evolutivo a fim de acomodar e ajustar
a estas novas práticas. Por isso, de tempos em tempos, a sociedade tem que
fazer um novo pacto de convivência e atualizar as suas leis.
Isso é natural e desejável.
Se assim não fosse, ainda haveria escravidão, as
mulheres não teriam direito de votar, a América do sul ainda estaria dividida
pelo tratado de Tordesilhas e outras bizarrices que, na sua época eram lógicas
e razoáveis, mas que hoje simplesmente soam como absurdas.
As leis se modificam e se atualizam à medida que a
sociedade evolui.
A Maçonaria é uma sociedade de homens. Portanto,
ela esta sujeita às mesmas condições de qualquer outra sociedade humana.
As leis maçônicas forçosamente tem que evoluir e se
acomodarem aos novos tempos.
O bom senso, a lógica e a razão assim o ditam.
Porém, a própria maçonaria acabou se colocando numa
armadilha, pois definiu que o seu conjunto de leis básicas chamado de
“Landmarks” são imutáveis.
Quando se estabeleceu os tais Landmarks há alguns
séculos, não se levou em conta que a evolução natural da sociedade e a
consequente necessidade de acomodar as leis intestinas à esta nova realidade.
É evidente que uma entidade milenar como a
maçonaria tem que ter uma base doutrinária, filosófica e organizacional muito
forte, sólida e consistente, pois se assim não fosse não poderia resistir à
passagem do tempo e certamente já teria sido extinta. Dai, pode-se compreender
a intenção dos codificadores da legislação maçônica em criar um código de leis
rígido, que não pudesse estar sujeito a modismos, vaidades e caprichos pessoais
dos dirigentes maçônicos.
Porém entre cláusulas rígidas e cláusulas imutáveis
há uma diferença abissal.
Insistir em leis imutáveis é praticamente condenar
a maçonaria á implosão ou a hipocrisia, pois a medida que algumas cláusulas dos
Landmarks forem se tornando impraticáveis, os maçons simplesmente irão parar de
segui-las, mesmo sem anunciar publicamente.
E qual a solução para isso ?
Os grandes dirigentes maçônicos tem que se reunir e
admitir que isso precisa ser mudado. De alguma forma eles tem que, com o
respaldo de toda a comunidade maçônica, estabelecer um mecanismo de
revisão periódica dos Landmarks, a fim de acomoda-los à nova realidade e à nova
moral.
Evidentemente isso não pode ser uma coisa banal, e
os mecanismos de revisão dos Landmarks tem que ser rígidos, amplos e complexos,
para evitar casuísmos e oportunismos. Porém não se pode ficar como está, sob
pena de esvaziar completamente a verve maçônica, pois ninguém terá coragem de
defender cláusulas tão anacrônicas e fora de propósito.
Em tempo, é evidente que não se quer virar a
maçonaria do avesso e nem se mudar tudo. Basta somente AJUSTAR os Landmarks à
nossa nova realidade, mantendo os princípios e a razão de ser da entidade.
Abraham Lincoln disse, muito sabiamente, que não há
nada mais poderoso do que uma ideia cuja hora tenha chegado.
Pois agora é uma hora tão boa quanto qualquer outra
para a maçonaria incorporar algumas novas ideias no âmago da sua
essência, revisando os Landmarks.