2a Parte
Autor: Dílson C. A. de Azevedo
“Investir em
conhecimento rende sempre os melhores juros.”
Ir.
Benjamin Franklin.
(1706-1790;
jornalista, cientista, diplomata norte-americano. Juntamente com outros maçons
usou seus recursos para iniciar a primeira Biblioteca Pública de Filadélfia nos
E. Unidos. Inventor do pára-raios).
“Tudo que merece
estudos, não se lê facilmente. Tudo que adianta alguma coisa exige esforço e
meditação.”
Francisco Pontes de Miranda
(1892-1979, notável jurista brasileiro).
“Existe apenas um Bem: o
Saber
E apenas um Mal: a Ignorância.”
Sócrates
(469-399 a.C;
filósofo ateniense).
Em
relação ao abstrato conceito de Energia, vocábulo originado de palavra grega
que significa ação, “embora não se saiba o que é, sabe-se o que não é”.
Diz
o Ir. João Girardi: é difícil definí-la sem recair numa estrutura circular de
raciocínio.
Diversos
são os modos de explicar o que seja energia: “capacidade de movimentar a
matéria”; “capacidade de realizar trabalho e transformar as diferentes
quantidades e tipos de matéria”; “propriedade de um sistema que lhe permite
realizar trabalho ou efetuar uma ação.”
A
palavra trabalho vem do latim tripalium, instrumento de tortura composto por
três paus, e vulgarmente tem o sentido de esforçar-se. Em Física indica uma
medida de energia transferida pela aplicação de uma força, ao longo de um
deslocamento. (D. Michelany).
O
vocábulo Sistema significa “um conjunto de corpos separados do restante do
Universo para serem estudados”.
A
autora Anna Hurwic ressalta que a energia é sobretudo aquilo que se troca e que
se transforma ao mesmo tempo em que se conserva.
Hierrezuelo
e Molina (1990) assim a entendem: “A energia é a propriedade ou atributo de
todo corpo ou sistema material em virtude da qual este pode transformar-se
modificando sua situação ou estado, assim como atuar sobre outros, originando
processos de transformação”.
Temos
várias formas de energia: cinética (associada ao movimento), potencial
(associada a posição dos corpos), térmica (relacionada a temperatura dos
corpos), elétrica, química, etc.
Recentemente
descobriu-se que existe uma nova forma de energia: a Energia Escura (70% da
composição do Universo), responsável pela aceleração cósmica. Não conhecemos
sua natureza e origem, tal como aquela de outro componente universal a Matéria Escura
(26% da composição), invisível, e que não interfere com a luz.
À
propósito convém dizer que:
1º)
Há quem considere a Energia Escura seja um novo tipo de fluido que enche todo o
espaço, chamado Quintessência, em referencia ao quinto elemento da filosofia
Grega.
2º)
Em 2005 foi descoberta através de radiotelescópio uma galáxia (Virgo HI-21),
constituída por matéria escura. (A. Pires – Enigmas do Universo).
Embora
possa transformar-se em outras formas, nenhuma energia pode ser criada ou
destruída (princípio da conservação da energia).
O
cientista francês Lavoisier (1743-1794), pai da Química Moderna, injustamente
guilhotinado na Revolução Francesa, sendo na ocasião dito que: “A República não
precisa de cientistas”, demonstrou experimentalmente que “em qualquer sistema
físico nunca se cria ou se elimina a matéria, apenas é possível transformá-la
de uma forma em outra”.
Entretanto,
muito antes dele, o poeta latino Publio Ovídio Naso (43 aC – 18 dC) no século I
afirmou: “Tudo muda, nada morre”.
Também
o filósofo britânico Francis Bacon (1561-1626) disse: “Todas as coisas mudam e
nada realmente perece e a soma da matéria permanece a mesma”. (Cogitations de
Natura Rerum).
Manifesta-se
a Energia por duas formas: Livre ou Condensada (matéria; definida como aquilo que contém massa).
Energia
e massa são manifestações da mesma realidade, e podem converter-se uma na
outra.
Afirma-se
que 1kg de matéria transformada em energia poderia manter um chuveiro elétrico
funcionando continuamente por cerca de três milhões de anos (Prof. A. Pires –
Enigmas do Universo).
Com
exceção do Fóton (unidade mínima de luz, partícula quântica de luz), as
partículas atômicas apresentam massa, que é uma grandeza (algo que pode ser
medido), quantidade de matéria, e cuja unidade é o quilograma.
Massa
em termos quantitativos pode corresponder a medida da resistência de um corpo
em relação à aceleração (massa inercial). Segundo a Teoria da Relatividade Especial
a massa corresponde ao conteúdo de energia de um corpo. (I. Rodit – Dicionário
de Física).
A
equação Energia = Massa x C2 (onde C significa celeritas, rapidez,
referindo-se à velocidade da luz no vácuo ao quadrado) mostra que quanto mais
energia se propicia a um corpo, mais ele adquire massa e mais difícil se torna
acelerá-lo.
Para
alguns autores italianos a fórmula acima foi enunciada pelo físico e engenheiro
italiano Olinto de Pretto e apresentada no Instituto Real de Ciências do Veneto
em 1903, embora tenha sido depois derivada adequadamente por A. Einstein em
1905.
Recentemente
descobriu-se que a massa seria conferida às partículas atômicas pelo Bóson EH,
de François Englert e Peter Higgs, que receberam o Prêmio Nobel de Física em
2013. Explica-se a massa dessa partícula pela atração gravitacional (hipótese
do cosmólogo brasileiro Mário Novello).
Os
estudos sobre a equivalência energia-massa, e também acerca do átomo, levou
cientistas americanos à Bomba de Fissão com Urânio, usada contra o Japão na
Segunda Guerra Mundial, país que estava prestes a se render.
Ocorreu
destruição das cidades de Hiroshima (escolhida por não ter prisioneiros aliados
em campos de concentração) e Nagasaki, ocasionando a morte de 200 mil
habitantes.
Pessoas
foram vaporizadas ou carbonizadas. Os sobreviventes apresentavam: náuseas,
vômitos, diarréia com sangue, febre, fraqueza, bolhas na pele, ulcerações na
boca com sangramento, perda de cabelo, baixa de glóbulos brancos no sangue
facilitando infecções e morte (Guilherme Camargo, em seu excelente livro “O
Fogo dos Deuses”).
Esta
tecnologia, poder atômico, estabeleceu uma nova ordem mundial e desencadeou uma
corrida armamentista com ameaças de terrorismo nuclear e possibilidade de
destruição total dos seres humanos.
Comente-se
que esta disposição pela beligerância a qualquer custo e preço levou ao
escritor britânico C. S. Lewis 1898-1963, à seguinte afirmação:
“Oremos
para que a Raça Humana jamais escape da Terra para espalhar sua iniqüidade em
outros lugares”.
Retornando
agora à Evolução da Física, diga-se que desconhecendo como funcionava a
natureza, o homem de Sociedades Primitivas criou deuses que presidiam e
explicavam vários fenômenos (fenômeno, qualquer evento observável). Depois pelo
desenvolvimento científico o entendimento místico foi abandonado.
Surgiram
então no estudo da Natureza conhecimentos racionais e complexos através de
teorias e experimentos que levaram a Tecnologias (aplicação prática de
conhecimentos científicos) as quais revolucionaram a Sociedade.
Um
novo impacto tecnológico irá ocorrer em breve quando a Nanotecnologia (nano,
anão em grego), manipulando átomos, estiver mais aplicada na vida comum. Um nanômetro
corresponde a um milionésimo do milímetro.
Desde
1991 surgiram os nanotubos, seis vezes mais leves e cem vezes mais resistentes
que o aço, e que são usados em eletrônica pelas suas propriedades de condução
térmica, mecânica, elétrica.
Estão
em pesquisa “chips” de computador em escala nanométrica para uso em doenças
neurológicas de seres humanos (Instituto Max Planck na Alemanha).
O
genial e informal físico Richard Feynman (1918-1988), Prêmio Nobel de Física em
1965, que passou meses no Brasil, desfilou na bateria da Mangueira (Rio de
Janeiro), e às vezes divertia-se a noite tocando bongô em casas noturnas,
previu que seria possível colocar toda a Enciclopédia Britânica no espaço da
cabeça de um alfinete graças a Nanotecnologia.
Continuando
com a História desta Ciência convém lembrar que: a Física desenvolveu-se desde
reflexões de antigos filósofos gregos, até atingir um ápice de conhecimentos no
final do século XIX e início do século XX.
Nessa
ocasião acreditava-se que nada mais havia para ser descoberto e que as equações
do físico, matemático, alquimista e ocultista Isaac Newton (1642/43-1727)
estudando as Leis do Movimento e Atração Gravitacional, bem como aquelas de
James Maxwell (1851-1879) estudioso das ondas eletromagnéticas, explicavam
quase todos os fenômenos da Natureza. À propósito, entende-se como onda uma
perturbação que se propaga transportando energia mas não matéria.
Em
1894, o físico e Irmão Albert Michelson (1852-1931), Prêmio Nobel de Física em
1907, declarou que: As Leis Fundamentais da Física teriam sido todas
descobertas, e para o futuro restaria uma melhora no estudo das constantes
físicas (grandeza física que acredita-se ser tanto geral quanto constante no
tempo – Wikipédia).
William
Thomson (Lorde, 1º Barão Kelvin 1824-1907), cientista inglês, criador da escala
termométrica Kelvin, chegou a recomendar aos jovens que não se dedicassem à
Física.
Então,
no começo do século XX, foram evidenciados fenômenos que não podiam ser
explicados pela Física daquela época, e depois esclarecidos por novas teorias: Relatividade
(Albert Einstein, Prêmio Nobel de Física em 1921 pela explicação do Efeito
Fotoelétrico: extração de elétrons da superfície de um metal quando a luz
incide sobre ela; usado na prática entre outras coisas para abrir portas automáticas),
e Teoria Quântica (Max Planck; 1858-1947; Prêmio Nobel de Física em 1918) aplicada
no mundo atômico.
A
Teoria da Relatividade mostrou : que a velocidade da luz é
constante e, uma velocidade limite (não se pode viajar mais depressa que a
luz); a velocidade da luz o tempo para, e a massa torna-se infinita; também que
a matéria deforma o espaço à sua volta.
A
Teoria Quântica surgiu quando Max Planck, físico da Universidade de Berlim, aos
42 anos, tentando explicar a emissão de energia por um corpo aquecido, em “ato
de desespero” (suas próprias palavras) imaginou que isso pudesse ocorrer não de
modo continuo (por exemplo, como água corrente) mas em porções descontínuas
(quantum; palavra que significa quantidade; e cujo plural é quanta). Ficou
assim demonstrado o que afirmava o genial matemático e físico francês Henri
Poincare (1854-1912); para alguns o precursor da Teoria da Relatividade
Especial: “É por intuição que descobrimos e pela lógica que provamos”.
Iniciou-se
assim a Física Moderna!
Observe-se
porém que permanece válida a Física
Clássica (anterior) para condições não atômicas ou sempre que as velocidades
envolvidas forem muito menores do a velocidade da luz.
Finalizando,
um outro tópico, pode ser comentado: embora a Física não consiga chegar ao
porque final das coisas, ainda assim constitui-se no que temos de mais valioso
para entender a realidade em que vivemos.
Ela
não tem, ou jamais terá resposta às indagações angustiosas de um personagem do
escritor brasileiro Gustavo Corção (1896-1978) abaixo transcritas e cujas
respostas deverão ser buscadas em outras fontes:
“Ora,
diga-me, por favor, o que estamos nós aqui fazendo neste chão?
Neste
mundo? Neste circo?
Chamaram-me:
aqui estou. Aqui estamos.
Fomos
empurrados, atirados sem ensaio e sem deixa neste picadeiro, em torno do qual
me parece adivinhar invisíveis arquibancadas.
Creio
que se riem de mim.
Sou
cômico...
Aqui
estou de pé, com as mãos abanando, sem saber o que diga e o que faça, neste
hospício onde cada um monta um teatro à parte e monologa um drama de sua
invenção...
O
fato é que não sei qual seja o meu papel e o que deva fazer. Neste meio tempo esvaio-me...
Gasto-me...
(Gustavo
Corção, As Fronteiras da Técnica 1953)
Corroborando
este ponto de vista um cientista também assim se manifestou:
A
existência de um limite para a Ciência porém é mostrada claramente por uma
incapacidade de responder a elementares perguntas infantis relacionadas à
origem e finalidade, tais como: “Como é que tudo começou?”; “Por que estamos
todos aqui?”; “Qual é a razão da vida?”.
(Sir
Peter Medawar, 1915-1987; biologista inglês, nascido no Brasil, Prêmio Nobel de
Medicina em 1960).
Reflexões
construtivas , Serenidade em aceitar tudo o que ocorre, Confiança na Sábia
Estruturação da Realidade talvez sejam as melhores condutas-respostas para
estas inquietudes e incertezas que vivenciamos em nossa breve experiência na
dualidade do Mundo...