Autor: Antonio de Pádua Reis (irmão carnal do Ir.´. Caio R. Reis)
O amadurecimento espiritual com a correlação psicológica, é o processo que nos leva a ver e a compreender a realidade, e a aceitar as responsabilidades delas oriundas.
O imaturo, ignorando ou deturpando
a realidade, sente apenas a existência do próprio EU, e em função do EU vive e
constrói a escala de valores que lhe determina a vivência egoística.
Não sabe ou não
consegue perceber que a seu lado existem e coexistem PESSOAS. Não se dá conta
de que essas PESSOAS têm sentimento e emoções, e têm interesses e necessidades
a serem cogitados e respeitados.
Só raciocina em termos
unilaterais. Só deseja em termos parciais. Usa, de maneira perdulária, o tempo
presente; esquece os débitos contraídos com o passado; ignora qualquer
compromisso com o futuro.
E com os olhos concentrados no
próprio corpo, em constante exaltação narcisista, sonha com grandes riquezas,
almeja inúmeros títulos, pretende aplausos e honrarias, trabalhando, na
proporção dos recursos físicos e intelectuais, para a colheita a curto prazo
apenas do alimento perecível, que a ambição exige.
Não ama. Todavia, necessita ser
amado e reclama o amor, sem contudo lhe atribuir o verdadeiro significado.
Supõe que ama. Mas busca o que lhe interessa, o que lhe dá algo para o
bem-estar sem limites.
Jamais compreende o próximo,
jamais renuncia, jamais compartilha do pranto alheio. Repugna-lhe ou lhe
atemoriza o sofrimento.
Mas se solidariza com o riso
despreocupado, com as fugas e derivativos que se lhe acenem, desde que afastem
a dor e ofereçam o prazer, não importando as conseqüências.
Facilmente ou habitualmente, cria
belos quadros ilusórios, ajustados à moldura elástica das eventuais
conveniências. E rejeita qualquer visualização penosa da verdade e da lógica,
alegando múltiplos motivos ou mesmo não alegando nada.
Para esquecer ou encobrir os
próprios defeitos e erros, nunca admitidos, talvez inconscientemente, mas
sempre com facilidade e entusiasmo, aponta, descreve, lamenta e condena os
alheios.
Não ajuda. Mas sempre almeja e
recebe auxílio.
Tem a sensação vaga, indefinida,
de que se sustenta em base frágil, nessa conquista louca do efêmero ou do
vazio. Em face dessa insegurança muita vez apenas pressentida, agride, fere,
desampara, odeia, e se refugia sob o teto pecaminoso e covarde de todos os
artifícios.
À proporção que o espírito
envelhece, ou melhor, se aperfeiçoa, em experiências reencarnatórias
sucessivas, a realidade se lhe revela, com o corolário de responsabilidades que
passam a assumir.
E a criatura vai aprendendo a se
desprender do próprio EU, e começa a se inserir caridosamente, na existência do
semelhante, em espontânea transferência.
Adquiri, paulatinamente, a paz de
espírito, a mansidão, a confiança, a humildade, a fé, a esperança, a sabedoria.
Rejubila-se com a crescente
segurança da caminhada. Tortura-se com a reforma íntima. Define e procura
objetivos sólidos, imperecíveis. Abençoa o sofrimento, que mantém no anonimato
da caridade.
Ama, compreende, tolera, perdoa,
auxilia, doa-se plena e desinteressadamente.
E deixa, para sempre, o casulo
carnal e os grilhões dos instintos primitivos que o escravizavam à matéria.
Como espírito liberto ascende às
paragens de luz, onde encontrará finalmente e eternamente, a felicidade para a
qual foi criado.