Autor: Dílson C. A. de Azevedo
1ª Parte
A Palavra, seus
efeitos, seus mistérios!
“Defenda o seu ponto de
vista, mas considere que ele pode ser visto de outros ângulos.” (Juahrez Alves)
“O homem está sempre
disposto a negar tudo, aquilo que não compreende.” (Blaise Pascal, 1623 – 1662)
No Rito Escocês Antigo e Aceito, de
pé, em uníssono, com a voz forte, no começo e término dos trabalhos, fazem os
Maçons no Templo, a aclamação HUZZÉ por três vezes.
Recomenda o Ir.´. Mário Bacelar que
este som deva ser emitido como que solfejando um dó bem longo, terminando em
fá, que é muito comum em preces.
Esta palavra é grafada em fontes
diversas como: UZA, UZZÉ, HUZE, HUZZE, HUZZAI, HOUSIA, e pronunciada
diferentemente conforme a língua utilizada.
No Ritual do Rito Escocês Antigo e
Aceito (Gr. Oriente da Bélgica), surge pela primeira vez em 1820, sendo escrito
Houzzai, proveniente do inglês Huzzah, de acordo com o Ir. F. Cyrino.
Entretanto segundo o Ir.´. Leon
Zeldis, de Israel, este vocábulo já aparece em documentos desde o ano 1573. Há
referências porém, teria sido usado em tempos mais antigos, aproximadamente 538
a.C. por Iniciados em Jerusalém, os quais conheciam a natureza íntima do que
expressavam. Foi nesta época que Zorobabel (nome em grego), ou Zerubabel
(designação em hebraico), também referido por alguns autores como Sheshbazar
(nome babilônico), príncipe descendente do Rei David, começou a construção do
segundo Templo Divino ao retornar do cativeiro na Babilônia.
A origem da palavra HUZZÉ não está
esclarecida. Alguns falam ser proveniente do árabe UEZZ’H, traduzindo-se por
“Ei-lo”, “É Ele”!
Outros afirmam ser do hebraico, onde o
verbo ser ou estar, na terceira pessoa do presente do indicativo diz-se HU-ZÉ
(significado “Ele é”, ou “Está”)
Exprime para alguns alegria ou louvor,
tendo o sentido de “Viva” ou “Salve o GADU”.
Equivaleria a palavra escocesa de
aclamação Hurrah, usada por militares ingleses e escoceses. Dizem alguns que os
turcos também a empregavam (Ur Ah) quando atacavam inimigos.
Comenta-se também que lembraria um
personagem bíblico. Com efeito, existiram: Uza (Oza, Uzza, Ozza)que morreu ao
tocar sem os devidos cuidados a Arca da Aliança e Husai (significa apressado),
amigo do Rei David, e que o ajudou a frustrar a revolta de Absalão (1 Cron.
27:33).
O nome Uzza, segundo o Sefer Zohar (O
Livro dos Esplendores), obra cabalística hebraica surgida na Espanha, por volta
de 1280, refere-se a um Anjo que se opôs à criação do Homem.
Dizem que o termo Huzza, Houza,
Aluzza, empregava-se para designar, em tribos semíticas e Egito, a planta
Acácia, da qual a espécie nilótica do Oriente Médio parece ser, para alguns
autores, a Acácia Sagrada da Maçonaria. Esta afirmação é contestada por outros
pesquisadores que falam da Acácia Senegal, própria das regiões desérticas, como
aquela que deva ser considerada. A palavra Acácia (Akakia) significa em grego
“Inocência”.
Entre os Hebreus a planta denomina-se
“Shittah” (plural Shittin – Sita = Cetim), usada no Tabernáculo e Arca da
Aliança, assim como no Egito foi empregada em Arca usada na Procissão de
Osíris.
Este arbusto com madeira escura, leve,
durável, resistente a putrefação, inatacável por insetos, é um símbolo solar,
pois suas folhas abrem-se à luz do sol pela manhã, e sua flor lembra o disco do
referido Astro.
Representamos assim a Acácia pelas
suas características a Imortalidade, a Natureza incorruptível, a Alma Humana,
que é Emanação Divina.
Seus ramos eram colocados por estes
povos na tumba dos mortos, costume que foi proibido aos árabes por Maomé.
Maomé (Muhammad ibn Abdillah),
destruiu ídolos na cidade de Meca, entre eles aquele de sua tribo Quaraysh (ou
Koresh; nome hebraico para Cyrus, imperador da Pérsia). Este ídolo era lembrado
por uma Acácia. Na Maçonaria usa-se folhas de Acácia para aspergir água
misturada com leite na cerimônia de Pompas Fúnebres.
Talvez o vocábulo HUZZÉ tenha também
chegado à Maçonaria na Europa através dos Templários, ou pelo fato de que na
Península Ibérica, por cerca de oitocentos anos conviveram cristãos,
muçulmanos, judeus, intercambiando conhecimentos.
Cita-se que, mais tarde, na época da
construção de Catedrais, os Maçons Operativos ao término da edificação, pediam
permissão e perdão ao GADU, pela agressão aos Céus e a Terra, enunciando com os
braços para o alto HUZZÉ, HUZZÉ, HUZZÉ, enquanto soavam os sinos.
Alguns autores maçônicos, entretanto
esquecendo-se entre outros aspectos a curiosa ligação da sílaba Hou (Hu) com a
Divindade, divulgam apenas uma visão exotérica da palavra Huzze cheia de
incertezas e contradições quanto a sua origem. Falam ofensivamente que este
vocábulo é apenas uma aclamação, “não sendo assunto sério” cogitar outras
interpretações.
Isto seria como, ao observar um
iceberg, não imaginar sua enorme extensão submersa e acreditar seja ele apenas
aquela parte que fica acima d’água.
Assim sendo, consideremos outras
análises acerca da palavra HUZZÉ.
Segundo Sapir: “A Linguagem é um
método puramente humano, e não instintivo, de se comunicarem idéias, emoções e
desejos, por meio de símbolos voluntariamente produzidos”.
Em 1995 falavam-se cerca de 6.703
Línguas no Mundo, fora os Dialetos.
Acredita-se serem elas provenientes de
uma única língua, o Vattan, origem do Sânscrito (palavra que significa
perfeito) e supostamente vinda de Mu ou Atlântida, segundo Saint Yves
D’Alveydre em seu livro “O Arqueometro”. O Vattan estaria também relacionado a
um idioma cabalístico hebraico (SaPHaH).
Uma curiosidade é que o retorno à um
Idioma Universal, foi renovado em 1887 através o Esperanto, Língua com 5 vogais
e 23 consoantes, criada pelo médico, filólogo, e Maçom Ludwik Zamenhof.
Existiria também desde tempos antigos,
de acordo com Madame Blavatsky, uma escrita hieroglífica cifrada, não fonética,
usada por Sacerdotes Iniciados de todo o mundo: o Senzar.
Um idioma é conjunto de sons
articulados (palavras) que contém vibrações, as quais podem ser expressas por
números e são produzidas por meio da inspiração e expiração.
As letras constitutivas das palavras
são representadas por sinais gráficos, e (como os números e palavras) contêm
uma informação. Para alguns autores elas nasceram do ponto, da linha e do
círculo.
A linha é produzida pelo ponto em
movimento, e por extensão de si mesma dá origem ao círculo. As letras são uma
força e quando combinadas produzem um determinado fim. Entende-se por isto a
mudança de nomes na Bíblia: Abrão para Abraão (Patriarca do Povo Judeu; Avra
Ham; Pai dos Povos), Sarai para Sara (Sarah; matriarca dos Judeus; Princesa),
Jacó (Yaacov; que segura o calcanhar) para Israel (Yisrael; reto com D’s), do
Apóstolo Simão (Shimon; D’s me ouviu) para o nome Pedro, do Apóstolo Lebeu para
Tadeu, etc.
Para o judaísmo o nome de uma pessoa
designa sua força de vida e seu caráter. Interessante é dizer que existe até um
costume entre alguns judeus, no caso de risco de vida, em acrescentar um novo
nome ao seu original, para melhorar a situação.
Segundo a autora Maria Lucia Bicudo:
“Um nome é uma invocação, pronunciar uma palavra é evocar um pensamento e fazê-lo
presente. Falar é criar. O poder magnético da palavra humana é o começo de
todas as manifestações do mundo oculto”.
Em hebraico, cada letra, de acordo com
o Ir.´. F. Cocuzza, expressa um número, um significado, e a combinação delas
originam palavras sagradas.
Atribuindo-se números específicos às
letras do alfabeto hebraico ou grego, podemos estabelecer um método de relação
e análise de palavras, ou técnica criptográfica, Clavis Magna da Maçonaria, a
Gematria ou Guimátria, já conhecida há mais de 3300 anos. Alguns falam que a
letra G, colocada na Estrela Flamigera também lembraria este conhecimento. A
Guimátria constitui uma das 32 formas de interpretação dos 5 livros da Torá
(palavra que significa Orientação) a qual contém 304.805 letras de posição
imutável.
Exemplificando esta técnica
numerológica:
1°) No Tetragrama IHVH (nome sagrado),
combinando-se o valor das letras teremos o número 26. A soma das letras de amor
e unidade em hebraico resulta também em 26, e podemos perceber que elas são
atributo divino.
2º) A palavra Céu em hebraico (Há
Shamain) tem o mesmo valor que alma (neshmah): 395
3º) A palavra gravidez em hebraico
(heraion) possui o valor numérico de 271, que é o número que é o número de dias
da gestação.
4º) No Toque do grau de Aprendiz,
fazendo-se relacionar a cada falange uma letra hebraica dos nomes de Deus,
aquelas que correspondem as falanges do polegar e indicador são 80 e 5. A soma
85, é o valor numérico da palavra sagrada do aprendiz.
5º) em relação ao HUZZÉ os valores das
letras He e Zain são respectivamente 5 e 7, igual a 12, em que a Trindade está
contida quatro vezes.
Baseando-se na Gematria, o renomado
musicoterapeuta americano Jonathan Goldman, aplicou-a na frase Ehyeh Asher
Ehyeh (Eu Sou o que Sou).
Obteve um número convertido depois em
ciclos por segundo (frequência), e usado para construir diapasões produtores de
uma tonalidade musical, com efeitos extraordinários no ambiente. Sons que foram
gravados em um CD com a designação de The Divine Name (O Nome Divino),
disponível em seu site.
Também o Ir.´. Mozart iniciado na
Maçonaria aos 28 anos, empregou esta técnica em suas cartas pessoais e obras
musicais, como por exemplo na Flauta Mágica, a começar pela data e horário da
estréia.
Segundo o Ir.´.Descartes Teixeira (SP)
o coro final da ópera citada acima termina com estas palavras, bem oportunas no
momento atual:
“Quando a Virtude e a Retidão
Juntamente caracterizarem
A trajetória dos governantes,
Então a Terra será transformada em
Céu.
Os homens serão como Deuses
E a Era de Ouro será restaurada.”