“Thomar é um rio de cor que noutro Rio
se entorna.” (Nuno G. Lopes)
“Non nobis Domine, non nobis sed Nomini
tuo da Gloriam.”
(Slm. 115-1 – Vulgata Latina)
(Não a nós Senhor, não a nós, mas para
dar glória a Seu Nome..
Lema templário)
(1ª Parte) Autor: Ir.´. Dilson C. A. Azevedo
Em
Portugal, país que é “o jardim da Europa” à beira-mar, plantado de loiros e de
acácias olorosas... (Tomás Ribeiro, 1831-1901), encontra-se a cidade de
Thomar (Tomar), envolvida por colinas verdejantes, junto ao Rio Nabão.
Ali
foi estabelecida em 01/03/1160 pelo Grão Mestre Gualdim Pais, a sede da Ordem
do Templo em Portugal.
Desconhecem-se
as razões da escolha por esta região, já habitada em épocas antigas, pelos
túrdulos (480 aC) e depois romanos.
Para
alguns, seria um ponto estratégico. Outros, procuram estabelecer uma relação
astronômica com a constelação de Gêmeos. Lembre-se a propósito, que o Selo dos
Templários mostra dois cavaleiros em um mesmo cavalo, talvez como símbolo de
pobreza e fraternidade, representação do signo zodiacal de Gêmeos, ou
demonstração esotérica significando a dualidade no Universo.
Uma
hipótese também a ser considerada seria de que naquele local estaria um “Lugar
de Poder”.
Explica
Juan Cuesta (Piedras Sagradas, Ediciones Nowtilus, Madrid, 2007):
...
Do ponto de vista humano, existem dois tipos de Energia. De um lado aquela que
se manifesta por intermédio de forças físicas, cognoscíveis, evidentes,
pesáveis e mensuráveis, amplificáveis e redutíveis, controláveis e
incontroláveis.
Do
outro, outras mais sutis que aparentemente transgridem os princípios
universais, como as quânticas, que atuam em níveis mais básicos da matéria, e as
espirituais, de natureza metafísica (ou talvez, não inteiramente?)
...
Podemos dizer, o mesmo sobra as outras energias que estão presentes em
praticamente todo o planeta Terra, como são as diferentes manifestações
telúricas, geradas por movimentos e diferenças de potencial elétrico entre as
massas, o magnetismo, diferente segundo os lugares, e, as manifestações
geotérmicas.
De
modo mais claro ensina Eduardo Amarante (Lugares Mágicos e Megalitismo –
Publicações Quipo, Lisboa, 2003):
“Há
elementos que, em nosso
Universo, emitem as suas próprias forças. A Terra emite
forças próprias, segundo trajetórias horizontais e recebe forças cósmicas, segundo
trajetórias verticais. Estas duas linhas cruzam-se no interior da Terra nos
chamados Pontos Telúricos que percorrem linhas sinuosas de importância
variável. As linhas eram, na Antiguidade, conhecidas por serpentes da Terra e
veneradas como sendo divindades ctônicas ou das profundezas e eram-lhes
atribuídas a cor negra (...) nesses pontos eram edificados os Templos (lugares
mágicos ou de culto), desde as mais remotas eras.”
No
cimo de um monte que domina a referida cidade, contruiu-se um dos vinte e oito
Castelos Templários em Portugal (palavra que significa Porto do Graal, Portus
Calixis).
Há
referências de que o Grão Mestre D. Gualdim Pais “mandou lançar sortes (...) e
lançadas sortes três vezes caíra a sorte naquele monte”, onde agora se vê o
Castelo de Thomar.
(Aos
que se interessam por esta técnica recomenda-se:
Chamasson,
T.: Recherches sur une techinique divinatoire – La Geomancie dans L’occidente
medieval. Centre de Recherches D’Histoire ET de Philologie. Ecole Pratique dês
Hautes Etudes, Paris 1977; Librairic Droz, Genebra 1980).
Faz
parte do Castelo uma belíssima construção octognal a Charola; Igreja Românica
inspirada na Mesquita de Omar, ou Cúpula do Rochedo em Jerusalém.
Foi
acrescido depois a esta edificação, o Convento de Cristo, classificado pela
UNESCO com patrimônio mundial.
Acerca
dos Templários, criaram-se mitos, daí a necessidade de cautela na avaliação das
informações, conforme lembram as palavras do Padre Antonio Vieira (1608-1697,
História do Futuro):
“Quem
quiser ver claramente a falsidade das histórias humanas leia a mesma história
por diferentes escritores, e verá como se encontram, se contradizem e se
implicam no mesmo sucesso, sendo infalível que um só pode dizer a verdade e
certo que nenhum a diz.”